Rádio


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A muda de Bico



                                           Morfologia & Função
O Bico é a proeminência córnea da boca das aves, composto por uma estrutura
óssea fundamental na vida de um pássaro, é o elemento coletor e selecionador
dos alimentos, bem como separador das impurezas, preparando-os para ingestão.
 Possui forma cônica nos granívoros, a exemplo dos Curiós, onde a sua robustez
e tamanho depende exclusivamente do regime alimentar que o meio ambiente
lhes oferece.
Responsável pela apanha e preparo dos alimentos, o bico exerce diversas funções
vitais, indo desde a função de defesa e ataque constituindo-se numa poderosa arma,
a função de manter a plumagem em ordem e articulação do canto.
Partes Integrantes do Bico:
                          
                                         Estrutura & Composição
O Bico é composto por duas mandíbulas que se articulam dando origem a uma
poderosa estrutura capaz de esmagar as mais duras sementes em suas maxilas,
 em forma de prensa, de fechamento em Torquês.
Esta estrutura é constituída de um núcleo ósseo recoberto por uma substância
 córnea denominada queratina ou ceratina, substância protéica do grupo das
proteínas ou albuminas que dão ao bico a dureza necessária a exercer as suas
 funções.
Esta substância também está presente nas unhas e na composição das penas.
A queratina se apresenta na cor preta, branca e amarelada sendo mais resistente
 a de cor preta e mais frágil a de cor branca.
O Bico possui um funcionamento semelhante ao de um alicate articulado
dotado de maior força na sua base e formato cônico próprio para a quebra
 de sementes que após esmaga-las nas suas maxilas "prensa" (base do bico)
utiliza as facas com o auxilio da língua para descasca-las e remover a sua polpa
 com as quais se alimentam.
Os bicos não possuem dentes para triturar os alimentos, utilizam a Moela para
esta função, bolsa musculosa pertencente ao aparelho digestivo que utiliza em
seu interior pedriscos no auxilio a trituração dos alimentos exercendo a função
de verdadeiros dentes mediante movimentos de contração da Moela.
                                                  
                                              Desgaste Mecânico do Bico
Com o uso freqüente o bico apresenta um desgaste no revestimento queratinoso,
 em especial na linha de comissura.
Este desgaste evita o crescimento exagerado do revestimento protetor da estrutura
óssea do bico.
Entretanto, alguns Curiós por serem submetidos a regimes alimentares com
sementes muito duras apresentam um acentuado desgaste, dificultando o processo
 de esmagamento e descascagem das sementes acarretando uma deficiência
alimentar por não serem capazes de executarem convenientemente as suas funções.
É muito comum verificarmos no comedouro das nossas gaiolas a presença de
sementes parcialmente esmagadas. Quando tal fato ocorre observamos que o
tegumento das sementes encontra-se semi-abertos sem, contudo, sofrerem o
descascamento habitual.
Este fato é sem dúvida um forte indicador de acentuado desgaste no revestimento
 queratinoso do bico, por serem estas sementes muito duras ou por acentuado
desgaste da queratina na linha de comissura acarretando deficiência na função
 esmagadora da prensa, ou descascamento das sementes pelas facas.
Quando ocorrerem sinais de ineficiência na descascagem das sementes, cumpri-nos
efetuar uma análise detalhada da estrutura do Bico e seu revestimento queratinoso,
 pois, as mandíbulas são dotadas de um revestimento foliado dispostos em camadas
 sucessivas que cressem a partir da base do bico revestindo-o totalmente.
Quando observamos este comportamento geralmente as camadas foliadas se
 descolam na linha de comissura, sofrendo segregação, perdendo a sua eficiência
 mecânica e causando a deficiência de descascagem das sementes.
Aí, dizemos que o Curió está fazendo a "Muda de Bico".

                                                     Muda de Bico
A muda de Bico é o processo pelo qual as aves substituem o revestimento Queratinoso
 do bico, gasto pelo tempo e pelo uso por um revestimento novo.
Muitas vezes esta muda ocorre em uma época determinada do ano, conhecida como
 "Época da Muda" que normalmente coincide com a muda anual da plumagem.
O processo de muda de bico é bastante complexo ao entendimento mediante a
 simples observação visual, contudo, temos observado o desprendimento da velha
camada de revestimento queratinoso mediante a ação da nova camada que surge
como elemento impulsor do processo de perda do velho revestimento que esfolia
e se desprende do bico para dar lugar à nova camada que surge.
A nova camada cobre uniformemente todo o bico, e segrega a camada gasta por
uma nova camada especial de células que surge sob a camada velha como se fosse
 uma espécie de liquido que ao contato com o ar endurece expulsando a camada
 residual ao mesmo tempo em que toma o seu lugar como revestimento novo.
Todo o processo completa-se em torno de cinco a seis semanas, e proporciona
 ao pássaro uma debilidade alimentar, conseqüência da perda de parte da eficiência
 de algumas funções vitais do Bico.
Neste período devemos fornecer aos Curiós alimentos de consistência branda,
buscando facilitar as operações de esmagamento e descascagem das sementes
oferecidas. Recomenda-se neste período em que os Curiós sofrem restrições
 alimentares, por terem reduzido a eficiência mecânica do seu bico um regime
alimentar rico em proteínas, destinadas a reporem as reservas do organismo, gastas
 com a Muda de Penas e Bico.
Costumamos ministrar no bebedouro um complexo vitamínico aliado a uma mistura
de sementes a base de Painços com o intuito de minimizar os problemas nutricionais
 provocados pela Muda em questão.
A Muda de Bico normalmente ocorre conjuntamente com a Muda anual de penas.
 Entretanto, alguns Curiós  as fazem de forma tão gradual que não chega a ser
notada pelo criador, outros Curiós não seguem esta regra.
Atribuímos este comportamento à presença de deficiências nutricionais que termina
 por canalizar as reservas protéicas para a Muda de Penas obrigando-os a efetuar
 a Muda de Bico em período distinto.
Alguns Curiós antecipam a Muda de Bico em relação à de penas, que só terá início
 alguns meses depois da conclusão desta.
Nestes casos o criador geralmente observa a presença das sementes esmagadas
 no comedouro, e este fato indica a presença da muda, que, quando isolada,
apresenta-se bem mais forte que a muda combinada com a de penas.
Quando a Muda de Bico apresenta-se isolada, é comum a observação por parte
do criador de áreas do bico com coloração diferenciada mostrando claramente o
 surgimento do novo revestimento queratinoso.
Quando a muda de penas ocorre, e as penas caem uma após a outra, em uma
sucessão uniforme e regular, sendo que na medida em que caem são substituídas
 em ordem igualmente regular por penas novas, e a muda é espaçada de forma
 harmoniosa, os Curiós conservam a sua capacidade de voar durante este período
e apresentam uma muda de bico imperceptível aos olhos do criador, sendo este
comportamento muito comum aos Curiós criados em viveiros.
Comportamento contrário verifica-se nos Curiós de Gaiola que perderam ao
 longo do tempo esta capacidade, ficando incapacitados de voar durante a muda
combinada de penas e bico exigindo do criador cuidados especiais de manejo.
A camada queratinosa tem vida e esta vida é limitada, quando a camada superficial
 morre é substituída por uma nova e o seu ciclo de vida é anual.

PRONUNCIAMENTO CONTRA O IBAMA

Segue o texto de nosso pronunciamento:

Senhores parlamentares; senhores candidatos
Em meu nome e em nome dos amigos passarinheiros agradeço as vossas ilustres presenças. Sabemos o quanto é precioso o vosso tempo e somos gratos pela oportunidade que nos concedem.
Meu nome é Clóvis Neves, mais conhecido apenas como Neves. Sou Militar da Reserva do Exército, formado em Zootecnia e criador amadorista de pássaros.
Quando o Instituto Chico Mendes, por preciosismo burocrático, embargou a obra de ampliação da DF 150, a sociedade revoltou-se, as lideranças foram acionadas e rapidamente, a situação foi revertida.
Os passarinheiros nunca puderam contar com qualquer apoio no seu relacionamento com o IBAMA. Por culpa exclusivamente nossa, que nunca nos reunimos na busca por essa maior representatividade. Mas o elástico da tolerância chegou ao seu porto de ruptura. Da adversidade da situação surgiu a união e a mobilização da categoria. Compreendemos que é necessário empenharmos os nossos votos com candidaturas que demonstrem um entendimento da política ambiental adequada e estejam dispostos a defendê-la no plenário.
Somos  10 mil criadores legalizados no DF. Mais de 200 mil no Brasil. Para cada criador legalizado há uma centena na clandestinidade. A atividade gera empregos e movimenta a economia. Para compreender sua dimensão basta observar que o Brasil, em 2009, importou mais de 200 milhões de dólares em alpiste, apenas do Canadá e da Argentina.
Em 1 a cada 5 lares brasileiros há, ao menos, um espécime de nossa fauna nativa, a maioria com origem ilegal. Permitir ou proibir pouco altera esse quadro. Está nas raízes de nossa cultura. Em nosso DNA. Quando o colonizador desembarcou em nossas praias já encontrou os índios com os seus xerimbabos (animal de estimação em tupi-guarani).
No cenário internacional a situação é ainda pior. O trafico internacional de animais tornou-se o 3º mais importante, superado apenas pelas drogas e pelo armamento. O IBAMA estima que o Brasil participe desse mercado com 38 milhões de espécimes coletados na natureza.
Mas se não há meios de reduzir essa demanda por animais de estimação, que inclui os nossos silvestres, podemos reduzir a pressão da captura na natureza, reproduzindo em ambiente doméstico as espécies de maior interesse.
Quando alguém adquire um pássaro com origem legal compromete-se com a legalidade e abandona a clandestinidade. Jamais abrirá mão da nova condição adquirida para buscar outros espécimes na natureza. É necessário promovermos uma nova consciência. As pessoas precisam saber que podem ter seus pássaros em casa sem causar qualquer prejuízo à natureza. É imperioso que se crie um ambiente favorável à migração dos que vivem na ilegalidade e desejam buscar a harmonia com a legislação em vigor, pelo bem dos espécimes de vida livre, que devem continuar em liberdade.
A origem de todas as nossas dificuldades no relacionamento com o IBAMA é conceitual.
Até a década de 80 a discussão ambiental procurava estratégias que pudessem manter o que restava do ambiente natural livre da presença humana. Com taxa ZERO de desfrute. Todas as políticas que seguiram o dogma da radicalidade fracassaram.
A humanidade cresce exponencialmente e há necessidade ocupação territorial para novas habitações. A fronteira agrícola se distende para a produção de maior quantidade de alimentos. É um quadro de difícil reversão.
Nos anos 90 o pensamento preservacionista evoluiu a partir do trabalho de cientistas ambientais.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como ECO 92, foi um marco nessa evolução do pensamento mundial, consagrando o conceito de desenvolvimento sustentável.
Como resultado  da ECO 92 foi produzido o documento conhecido como  Agenda 21, para nortear a política ambiental no âmbito das Nações Unidas.
Este documento foi discutido e negociado exaustivamente entre representantes de 150 países ali presentes, sendo, portanto um produto diplomático contendo consensos e propostas.
Na versão oficial da Agenda 21, publicada pelo Senado encontramos:
Capitulo11, Item 11.20, subitem “h”
(h)       Promover e apoiar o manejo da fauna e da flora silvestres, bem como do turismo ecológico, inclusive da agricultura, e estimular e apoiar a criação e o cultivo de espécies animais e vegetais silvestres, para aumentar a receita e o emprego e obter benefícios econômicos e sociais sem efeitos ecológicos daninhos;
Chamo a atenção dos senhores para os verbos empregados no texto oficial: PROMOVER, APOIAR, ESTIMULAR e não apenas permitir ou muito menos restringir.

Nos quadros do IBAMA vem se desenvolvendo uma corrente filosófica contrária a manutenção de espécimes de nossa fauna em ambiente doméstico. Essa corrente ganhou corpo no período em que a senadora Marina Silva esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente.
Achamos pouco provável que qualquer um de nós, criador ou técnico do IBAMA,  tenha uma visão mais adequada da questão da reprodução de silvestres em ambiente doméstico do que a dos cientistas que representaram suas nações nas diversas convenções promovidas pela ONU.
Ainda que um técnico do IBAMA tenha um pensamento discordante, não poderá enquanto funcionário público, valer-se de suas prerrogativas funcionais para militar em ideologia contrária a política determinada pelo Estado.
O apoio do IBAMA à campanha recentemente lançada pela WSPA com o slogan SILVESTRE NÃO É PET é a negação da Agenda 21.
Temos exemplos claríssimos dos resultados da criação ex-situ de silvestres como elemento de apoio a preservação das espécies:
A Ararinha Azul (Cyanopsita spixii), não teve sua reprodução em cativeiro autorizada. Está extinta no Brasil. Um casal pode ser adquirido em criatórios nos EUA, Europa e Oriente Médio, por preços que variam de US 50.000,00 a US 80.000,00.
O Bicudo ( Oryzoborus Maximiliani) está praticamente extinto na natureza. Teve sua reprodução em cativeiro autorizada e já podemos contar com uma quantidade de pássaros registrados 10 vezes maior do que toda a que já existiu em vida livre. Em 2008, através da COBRAP, os criadores ofereceram ao IBAMA a quantidade de espécimes que o órgão julgasse necessária para repovoamento de áreas preservadas. O IBAMA recusou nossa oferta alegando não ter estrutura para conduzir  o necessário processo de readaptação  para a soltura das aves.
Se o IBAMA assume não ter estrutura sequer para reintroduzir espécimes que os criadores amadoristas produziram, como espera garantir a perpetuação das espécies ameaçadas de extinção. A menos de 10 km da sede do IBAMA, várias áreas de preservação ambiental estão tomadas por condomínios residenciais. Se o IBAMA não conseguiu proteger áreas tão próximas, o que podemos esperar nas regiões mais distantes?
Os radicais argumentam que a manutenção e reprodução de silvestres em cativeiro estimulam a demanda e leva outras pessoas a coletarem espécimes na natureza. É justamente o contrário. Nas convenções promovidas pela ONU ficou evidente o entendimento da comunidade internacional de que reprodução em cativeiro concorre com o tráfico e reduz a pressão de captura na natureza.
Os radicais argumentam que muitos criadores empregam as anilhas que recebem do IBAMA para esquentar pássaros capturados na natureza. É certo que em nosso meio existem bandidos travestidos de criadores, que se valem do registro na categoria para praticar delitos. Também é certo que vários funcionários do IBAMA se envolveram em falcatruas com distribuição de anilhas e com o licenciamento ambiental. Nem por isso tomaremos a parte pelo todo. Não podemos considerar que o IBAMA seja uma instituição corrupta nem que os criadores de pássaros sejam traficantes de aves.
O IBAMA, em absoluta contradição com a política ambiental adotada pelo Estado, ao invés de PROMOVER, vem minando a atividade.
Proíbe que pássaros produzidos por criadores amadoristas sejam comercializados. Autoriza apenas as trocas. Alega impedimento tributário. Como se fosse da alçada do IBAMA a preocupação com tributos.
A portaria Nr 131 de 1988 reduziu a possibilidades dos criadores amadoristas aos passeriformes. Não podemos dede então, criar psitacídeos ou outras aves.
A portaria Nr° 631, de 18 de março de 1991, limitou a possibilidade de criação a 316 espécies.
A Instrução Normativa Nr 01, em 24 de Janeiro de 2003, reduziu para 151espécies autorizadas.
Uma minuta da próxima portaria que está para ser publicada extingue o criador amadorista e cria a figura do mantenedor, que não poderá dedicar-se a reprodução.
Obriga todos os que desejarem reproduzir nossos silvestres a migrarem para a condição de criador comercial.
A publicação dessa Instrução Normativa será o derradeiro golpe na atividade de reprodução ex-situ dos nossos silvestres. Poucos terão a estrutura necessária ou interesse em migrar para a categoria de criador comercial.
Não haverá demanda para as fêmeas produzidas pelos criadores comerciais.
É chegado o tempo da sociedade, através de seus representantes no Congresso Nacional, decidir se está certo o IBAMA com sua política restritiva ou estão certos os especialistas internacionais que produziram os documentos que orientam as políticas ambientais no âmbito das Nações Unidas.
Isso enquanto há espécimes a serem preservados.
Muito Obrigado.